Diversidade Familiar e Audiovisual
Os diferentes formatos de família em séries, filmes e novelas
A noção de que família se constitui de uma união de amor independente de seu formato tem sido cada vez mais aceita na sociedade. Esse entendimento reflete diretamente na produção de filmes e séries. Portanto, mães solo, casais homoafetivos, famílias reconstituídas e adoção ganharam cada vez mais representatividade dentro do audiovisual, tanto em produções independentes, assim como em grandes produções cinematográficas.
Representar por que?
Para Aryadne Magalhães, estudante de Artes Cênicas, a representação de diferentes configurações familiares é importantíssima. “Parto da premissa de que a arte conta histórias, dá voz pra quem precisa. A representatividade de famílias ‘fora do padrão’ é uma forma de dizer ao mundo: ‘ei, esse tipo de pessoa existe. E é normal. Elas são iguais a nós.’”.
Membro da comunidade LGBTI+, Pedro Cardoso Lança aponta que o retrato de novos modelos familiares na mídia é muito importante “pois consumimos material cinematográfico desde criança e muito do que a gente vê nos é tido como ‘comum’ e ‘normal’ e quando não há essa representatividade, digo por mim, são coisas que ficam martelando na nossa cabeça, como se estivéssemos, de alguma forma, errados”.
Nas novelas
Apesar da falta de pluralidade, o Brasil já apresentou na televisão muitas mães solos. Como por exemplo, temos Dora (Giovanna Antonelli), que era a mãe de Rafaela (Klara Castanho) em “Viver a Vida”. Dona Zica (Inez Viana) também cria seu filho Maicon ( Marcello Melo Junior) sozinha na “Malhação” de 2010. Essas e muitas outras mulheres evidenciam o papel da família encabeçada pela mãe no país, modelo mais aceito depois do tradicional.
Em resumo, sobre o audiovisual no Brasil, Pedro comenta: “Acredito que a grande mídia brasileira ainda está tentando entender como deve tratar esse assunto, pois se vive um momento muito conturbado no Brasil em que ao mesmo tempo que um movimento mais liberal atinge grande parte dos jovens, também sofremos com a resposta do conservadorismo”
Nas séries
Para quem quer encontrar esses novos conceitos de famílias em séries, Aryadne recomenda “One Day at a Time”. Afinal, a série da Netflix retrata uma família cubana nos Estados Unidos que é constituída por uma avó conservadora, uma mãe ex militar, uma adolescente lésbica e um menino que se enquadra nos padrões heterossexuais, mas que tem que se desconstruir.
Nesse sentido, Pedro Lança indica “Modern Family”, que é pautada por uma relação familiar complexa, afinal abarca muitos dos diferentes formatos de família. A séria conta a história da família de Jay Pritchett (Ed O’Neill), um homem divorciado que casa-se novamente com Gloria Delgado (Sofia Vergara), mãe do pré-adolescente Manny (Rico Rodriguez). A partir disso, em seu primeiro casamento, Jay tem a filha Claire Dunphy, casada com Phil ( Ty Burrell), com quem tem três filhos. Mitchell (Jesse Ferguson), seu segundo filho, é homossexual e adota, junto de seu parceiro, Cameron (Eric Stonestreet), uma bebê vietnamita.
No cinema
No cinema, as famílias com novas constituições atingiram o mainstream, com produções como o novo filme da DC Films, “Shazam!”. O longa conta a história de Billy Batson que, inesperadamente, recebe o poder de se transformar em um super herói adulto. O jovem usa seus poderes para lutar contra o crime principalmente ao lado de seus cinco irmãos adotivos. Seguindo o padrão dos filmes da DC, “Shazam!” teve uma bilheteria de 365 milhões USD.
Outro clássico filme de super-herói com essa característica é Homem-Aranha. O jovem Peter Parker, em todas as versões da história, é criado por sua Tia May e seu Tio Ben. Posteriormente, com a morte do tio, sua criação cabe exclusivamente à Tia.
Por fim, como sugestão de drama, o filme Minhas Mães e Meu Pai. Nic (Annette Bening) e Jules (Julianne Moore) formam uma família homoafetiva e têm dois filhos por meio de inseminação artificial. Curiosos, inesperadamente, os jovens entram em contato com o pai biológico sem o conhecimento de suas mães.
Repórter: Isabela Landim
Produção multimídia: Caroline Doms
Editora: Maria Eugênia Martelli