Opinião | Por que não nos importamos com nosso lixo?
Uma reportagem dessa edição nº 34 do Repórter Unesp traz uma pesquisa que afirma que apenas 3% de todo o lixo no Brasil é reciclado, seguida da informação de que 30% poderia ser reaproveitado. Segundo pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Biogás e Biometano (Abiogás) e veiculada no UOL, o Brasil poderia produzir um terço do que produz Itaipú a partir do biometano, gás que pode ser obtido a partir da degradação de materiais orgânicos presentes no lixo.
Quando a equipe do Repórter Unesp decidiu falar sobre esse assunto, um dos primeiros pensamentos que tive foi: “Por que será que não falamos tanto sobre o lixo?”, mesmo sabendo que ele causa tantos problemas ambientais e sociais, e que milhares de pessoas sobrevivem dele diariamente. Cheguei às conclusões abaixo:
Dificilmente nos importarmos com o que não vemos, e é isso o que acontece com o nosso lixo doméstico. Colocamos os resíduos que produzimos em duas ou três sacolas plásticas, tiramos das cestas e mudamos para a calçada, onde, no dia seguinte, não tem mais nada. E é isso. Voltamos aos supermercados e compramos mais embalagens, jogamos mais comida fora, que simplesmente somem das nossas vidas na manhã seguinte e não temos mais a obrigação aparente de nos preocuparmos com isso.
Não paramos para pensar o que acontece com nosso lixo porque ele deixa de ser nossa responsabilidade, pelo menos diretamente. Por isso, deixamos de fiscalizar os aterros municipais e de pensar em soluções para o material reciclável e orgânico, até chegarmos na situação da reportagem citada no começo desse texto.
Alguns entrevistados dessa edição sugerem, como solução para esse problema, que devemos conscientizar as pessoas com relação ao lixo que produzem. Segundo o dicionário Aurélio, conscientizar significa: “tomar consciência de, ter conhecimento de”, o que aponta que muitas pessoas não descuidam de seu lixo por má vontade, mas simplesmente por não saberem como tratá-lo. Muito provavelmente, eu não acharia prazerosa uma visita ao aterro de minha cidade, mas sinto que deveria ir, para ter algum tipo de contato com o destino final de nosso lixo e me tornar mais responsável.
De certa forma, essa é uma das propostas da edição nº 34 do Repórter Unesp: mostrar os problemas desses materiais e tentar propor soluções para resolver uma questão que é de todos. Afinal de contas, lixo sempre será produzido e o que podemos fazer é tratá-lo de maneiras melhores. Vamos aprender a cuidar bem daquilo que é responsabilidade de todos nós.
Reportagem: Alexandre Wolf
Edição: Vinícius Passarelli