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ETE Vargem Limpa deve ser entregue no final de 2017

Obras sofrem com atrasos e 90% da população de Bauru continua sem tratamento de esgoto

A ausência de saneamento básico adequado em Bauru é preocupante. Apenas 10% do esgoto do município recebe tratamento. Um dos piores índices de tratamento de esgoto por água consumida do país entre cidades com mais de 300 mil habitantes, segundo levantamento do Trata Brasil. O problema resulta na poluição de rios que cortam a cidade, incluindo um extenso trecho do rio Tietê, afetando outros municípios da região, como Pederneiras e Itapuí.

Apesar disso, segundo o ex-prefeito Rodrigo Agostinho (PMDB), Bauru avançou na questão do saneamento básico nos últimos anos. “Quando eu assumi a prefeitura, o tratamento de esgoto era uma das minhas metas. Construímos uma primeira estação no distrito de Tibiriçá, e depois inauguramos uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) na Zona Norte, tratando toda a região da Pousada, Gasparini, Nova Bauru, entre outros. São quase 40 mil habitantes que já possuem o esgoto tratado”, explica o peemedebista.

Solução

A grande esperança do município para colocar um fim nesse problema deposita-se na Estação de Tratamento de Esgoto de Vargem Limpa. Executada pela empresa COM Engenharia, a obra foi estimada no valor global de R$129,2 milhões. Dessa quantia, R$ 118 milhões provém de repasses do Governo Federal. O restante é pago pelos contribuintes através da arrecadação do Fundo Municipal de Tratamento Esgoto, embutido na cobrança da conta de água da população.

Segundo Rodrigo Agostinho, o funcionamento da ETE Vargem Limpa deve elevar Bauru ao nível das outras cidades do estado. “A ETE vai tratar o que falta de esgoto da cidade, que é algo em torno de 90%. Com ela, Bauru vai passar a ter a mesma condição de saneamento de quase todos os municípios do interior de São Paulo que já tratam seus esgotos”, afirma.

O funcionamento da estação é um dos grandes desafios ambientais para o atual prefeito de Bauru, Clodoaldo Gazzetta . O biólogo acredita que a estrutura representa uma solução definitiva para os problemas de tratamento de esgoto no município. “A obra vai tratar praticamente todo o esgoto da cidade. Assim, teremos uma estação com capacidade de tratar o esgoto de cerca de 600 mil pessoas já visando o crescimento populacional de Bauru”, complementa o ambientalista.

Atraso

A Ordem de Serviço para o início das obras foi assinada em abril de 2015 e a conclusão ficou prevista para o fim de setembro de 2016. Contudo, diversos fatores contribuíram para o atraso. “Primeiramente ocorreu a elaboração do projeto. Depois nós corremos atrás dos recursos em Brasília, o que demorou muito. A liberação de verba demorou mais de três anos. Então, apenas em 2015 demos início na obra”, justifica Agostinho. O ex-prefeito ainda lembra que grande parte do atraso se deve à crise financeira que o país atravessou.

Atualmente, as obras estão em estágio avançado e contam com cerca de 200 trabalhadores executando todos os processos. Entretanto, devido aos reajustes nos contratos de licitação e problemas nas estruturas da obra,  o valor final da estação deve ser ao menos R$ 10 milhões mais caro que na avaliação original.

Porém, Rodrigo Agostinho e Clodoaldo Gazzetta, acreditam que a ETE Vargem Limpa será concluída até o final de 2017. “Praticamente 100% dos córregos dentro da cidade hoje não recebem mais esgoto. Nos próximos 30 dias, essa canalização deve ser concluída e 100% do esgoto será despejado ao lado da ETE. A obra vai ficar pronta no máximo em um ano”, aponta Agostinho. “Estamos nos esforçando para entregar a obra no final deste ano”, segue Gazzetta, na mesma linha. “Esperamos que já em julho a ETE Vargem Limpa esteja pronta para realizar alguns testes de tratamento. Conversamos com a empresa e ela se comprometeu a cumprir o cronograma”, explica o atual prefeito.

A fossa construída por Aparecido e Rosana (Imagem: Giovana Romania)

Urgência

No entanto, as melhorias no tratamento de esgoto são urgentes para moradores do bairro Parque Manchester, que ainda sofre com o saneamento inadequado. Há quatro anos, a dona de casa, Rosana Pereira Lopes e seu marido, Aparecido Lopes, recebem mensalmente a cobrança do Fundo Municipal de Tratamento de Esgoto junto com a conta de água.

O jeito foi improvisar. Aparecido construiu uma fossa em frente à casa. “Eu coloquei o pneu reciclado bem no fundo, coloquei terra em volta e tampei. Todo nosso esgoto vem pra cá”, explica Aparecido. O casal já está perdendo as esperanças que algum dia o esgoto seja tratado. “Eles não param de cobrar, nem devolvem meu dinheiro e nem cancelam. Além de cobrar a tarifa de esgoto, eles agora também cobram o tratamento. Eu já falei, eu corro atrás, mas não tenho esperança que isso melhore não”, afirma Rosana.

Expectativa

O prefeito Clodoaldo Gazzetta espera que com a realização dos testes no meio do ano, grande parte dos materiais em suspensão sejam retirados dos rios da cidade. “Esse primeiro movimento em julho não irá fazer o tratamento integral do esgoto, mas sim uma retirada bruta de papéis, cabelo e tudo aquilo que vem junto do esgoto. Um tratamento preliminar com cal também será feito e a água será jogada novamente no Tietê, ainda com patógenos, mas no final do ano o tratamento será definitivo e a tendência é eliminar 80% desses materiais da água, fazendo com que ela entre no rio Bauru quase 100% normalizada”, afirma Gazzetta.

Reportagem: Giovana Romania

Edição Multimídia: Matheus Fernandes

Edição: Patrícia Konda e Victor Pinheiro

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