Com o surgimento e avanço das tecnologias ao longo das décadas, passamos de uma cultura marcada pelo impresso para uma sociedade, hoje, considerada digital. Houve mudanças significativas nas formas de consumo de conteúdo. E na onda dos avanços tecnológicos, os jogos foram desenvolvidos e criaram novas formas de integração entre as pessoas.
A Internet mudou a forma como as pessoas se comunicam e interagem. Antes os círculos sociais eram definidos por fatores geográficos, como a vizinhança do bairro, a escola, o clube ou igreja que o indivíduo frequenta e o contato necessariamente teria que transpor essas barreiras. Hoje, o círculo é menos delimitado geográfica e tematicamente. Neste sentido, os videogames apresentam mais um meio para que dois estranhos se relacionarem. É o que o escritor e historiador de mídias Roman Gubern classifica como “cavernas aveludadas”, em que as pessoas criam laços sociais de maneira mais confortável, sem sair de casa.
A evolução dos games é um reflexo do desenvolvimento tecnológico. A interação entre as comunidades on-line traz consequências boas e ruins para os usuários. O bullying nos games é algo que acontece muito: em um estudo realizado por uma instituição de caridade anti-bullying, 57% dos jovens relataram já ter cometido algum tipo de assédio on-line. Então, o bullying dentro dos ambientes de jogos online é um problema real, e uma maior moderação nesses espaços poderia diminuir sua prática.
Pelo poder de conexão, a internet não é apenas um meio, mas funciona como uma sociedade onde as pessoas interagem. Neste sentido, Rafael Noia, estudante de jornalismo e apaixonado por games, diz ter conhecido muitas pessoas graças ao vídeo games, e não necessariamente jogando, mas como jornalista. “Do pessoal que eu conheci através dos games o que eu mais tenho orgulho de ter conhecido foi o Pedro Zambarda – conheci ele nos games, mas admiro mesmo seu trabalho com política. Também tem o Gustavo Nader, diretor de dublagem da Blizzard e uma das melhores pessoas que já conheci na vida e o professor Francisco Tupy, especialista sobre o uso de games em processos educacionais. Mas acho que a principal pessoa que conheci por conta do trabalho com games foi o João Paulo, que ajudou a tirar o projeto do Player 2 do papel no começo da caminhada e hoje é meu irmão na vida” comenta.
Para Wagner Alves, editor do site Player 2, os games tiveram uma grande importância em sua vida. Sua infância e adolescência foram marcados por jogos de videogame – Wagner começou a jogar aos seis anos – e muitos de seus melhores amigos nasceram a partir deles. “Os games estão muito enraizados na minha vida e têm uma importância ainda maior para mim, pois trabalho na indústria [dos games] como assessor de imprensa e jornalista. Eu tenho mais amigos que fiz por conta de trabalhar na indústria do que aqueles com quem costumava jogar contra, mas a relação sempre surge do mesmo assunto: os games”. O assessor de imprensa da Activision também comenta sobre um amigo que conheceu a partir dos games e hoje mora no exterior: “Tem o Victor Frascarelli, amigo que já trabalhou comigo em um site de games (o Player 2) e hoje trabalha em uma empresa de games na Polônia” conclui.
Os games são responsáveis por novas formas de interação entre as pessoas e acompanharam muito a evolução da tecnologia. Portanto, a prática dos games não implica em apenas jogar, mas também em falar sobre a vida, sobre os problemas pessoais. Não é apenas um ato de diversão, é uma forma de fortalecer a amizade. É a partir deles que muitas pessoas se conhecem todos os dias.
Repórter: Martin Erbes
Produtora Multimídia: Patrícia Konda
Editor: Jhony Borges