A maneira como enxergamos e nos relacionamos com o espaço urbano está mudando de forma gradual e se mostrou mais notável após as manifestações de 2013, quando multidões tomaram as principais avenidas do país como ato político. Transitamos da ideia de que o espaço urbano se caracteriza apenas como um local de passagem, onde nada permanece, nada se estabelece para as tomadas, ocupações, reivindicações em/por um local que é nosso por direito, de acordo com o Estatuto da Cidade.
Como exemplo dessa nova forma de relacionamento está a abertura da Avenida Paulista em 2014. A avenida mais movimentada do país sendo fechada para que as pessoas possam circular livremente por ela durante os domingos e feriados. Isso só foi possível em decorrência de uma petição online que contou com o apoio de quase 3 mil pessoas. Além disso, teve a aprovação de 64% da população paulistana, segundo pesquisa do Ibope. Uma ação coletiva em prol do bem coletivo.
E é por isso que trazemos à 47ª edição do Repórter Unesp o tema “ocupações do espaço urbano”. Sejam elas para lazer, trabalho ou manifestação, há uma importância nessa ocupação e é esta a discussão que temos a pretensão de gerar.
Sendo assim, entendemos “ocupação” como a apropriação e o preenchimento de determinado espaço. Uma tomada de posse sem cor, sem classe, sem sexo e sem idade. Não só usufruindo do que já se tem à disposição, mas também intervindo e transformando aquele espaço. Prezando sempre pela troca entre as pessoas. E sabendo que trata-se de um dever do Estado viabilizar e garantir estas ocupações, proporcionando segurança, atividades e áreas de lazer.
Com isso em mente, desdobramos o tema “ocupações do espaço urbano” em três aspectos principais: segregação social, política e formas alternativas de ocupação urbana. Além disso, a edição também conta com um ensaio fotográfico realizado em três cidades diferentes, envolvendo contextos sociais e econômicos distintos. Dessa forma, as fotos buscam retratar as ocupações do espaço fora dos dias úteis. A reportagem especial encerra a edição debatendo justamente essa mudança na relação entre as pessoas e as ruas, pontuando os principais fatores para tal.
Tenha uma ótima leitura!
Editora-chefe: Maiara Freitas Vitor
Editora-adjunta: Ana Laura Essi Daniel
Gestora de Mídias Sociais: Maria Clara Novais
NESTA EDIÇÃO:
Bauru em busca do direito à cidade
A luta constante pelo direito de estar nas ruas
Sensação de insegurança faz parte do cotidiano das cidades
A ocupação do espaço pelas mulheres brasileiras
Ocupação de espaços ociosos em Bauru
Movimentos culturais se esforçam para ocupar as ruas de Bauru
Hortas Comunitárias e suas vantagens na ocupação do espaço urbano
Rolezinhos: ocupação do espaço urbano, diversão e incômodo
[ENSAIO] Ocupação e diversidade nas ruas
[REPORTAGEM ESPECIAL] A insatisfação popular se reflete no espaço público