Preocupados com saúde e bem-estar, essa geração tem optado por mudanças na alimentação e por marcas que demonstram engajamento socioambiental
A dieta equilibrada e a prática de exercícios têm sido alguns imperativos da geração Millennial. Segundo um estudo sobre tendências de consumo dessa geração realizado em 2016 pela Agrocluster – uma associação de empresas e entidades do setor agroindustrial – essa preocupação é determinada pelos ideais de “bem-estar” e “envelhecer bem”, que se tornam, cada vez mais, objetivos importantes para os Millennials.
Muito além de seguirem marcas específicas, os jovens adultos da geração Y são fiéis a um determinado estilo de vida. Portanto, são as empresas que acabam passando por processos de adaptação, de acordo com as mudanças e preferências desse público.
Assim, o setor alimentício deixou de apenas diminuir substâncias prejudiciais à saúde, passando a ofertar alimentos orgânicos e funcionais. Prova disso é que o mercado nacional de produtos orgânicos vem crescendo em 20% ao ano, segundo as últimas informações divulgadas pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA).
A pesquisa da Agrocluster também aponta que os Millennials vêm diminuindo o consumo de carne. Isso porque associa-se o consumo excessivo desse produto ao aumento de certos problemas de saúde. 60% dos entrevistados declaram ter reduzido o consumo de carne nos últimos anos.
Entretanto, não é só o cuidado com a própria saúde que é levado em consideração na hora da escolha dos alimentos. Segundo o estudo, a responsabilidade socioambiental das marcas é um fator importante na decisão da geração Y na hora de comprar. Apontada como uma geração mais sensível às causas sociais, ela se atenta às empresas que se envolvem em projetos comunitários e negócios locais.
Geração Millennial vs. Outras gerações
Quando o assunto é vida saudável, é perceptível uma melhora em todas as gerações. Uma pesquisa realizada em 2014 pela Nielsen, empresa americana de pesquisas de mercado, entrevistou 30 mil pessoas de 60 países diferentes. Mais de 50% dos participantes de cada geração afirmou estar disposto a pagar mais por alimentos benéficos à saúde. No entanto, a geração Y é a que se encontra à frente nessa questão. Enquanto 81% dos Millennials afirmaram comprar mais alimentos orgânicos, 67% dos Baby Boomers declararam ter o mesmo hábito.
Segundo a nutricionista Pamella Borges, a diferença entre os Millennials e outras gerações se relaciona à motivação da mudança alimentar. Essa geração busca por uma dieta mais saudável, associando essa mudança à prevenção. “As pessoas que estão na casa dos 50 anos em diante, por exemplo, geralmente só se preocupam com a alimentação quando já possuem uma doença. Já os jovens têm procurado modificar seus hábitos como forma de precaução a longo prazo”, explica.
Anna Gabriella da Silva é um exemplo disso. A jovem de 21 anos passou por uma mudança de hábitos alimentares há 3 anos. Ela afirma que sua principal motivação rumo a essa mudança foi o foco na saúde. “Minha rotina de exercícios apareceu após a descoberta de uma doença na coluna, o que me obrigou, após anos de sedentarismo, a começar uma vida saudável. Hoje minha preocupação com a alimentação se resume à busca por qualidade de vida e em poder envelhecer bem”, conclui.
A influência das redes sociais na alimentação
Um dos mais famosos estilos de vida falados em redes sociais é o de vida saudável. Blogueiras, YouTubers e outros influenciadores digitais retêm um público seguidor fiel quando o assunto é emagrecimento e/ou rotina fitness. A consequência disso é que muitas pessoas têm mudado os hábitos alimentares, em especial os jovens, já que são mais ativos nas redes.
A estudante de direito Anna Gabriella, apesar de ter a mudança de rotina influenciada por pessoas próximas, como o seu pai, também foi inspirada pelas redes sociais. “A YouTuber Gabriela Pugliesi, em vídeos de entrevista, e modelos no Instagram me influenciaram muito – não necessariamente fitness, mas que seguiam uma vida mais saudável”, ela afirma.
A nutricionista Pamella contrapõe os dois lados de seguir esse estilo de vida dessa forma. Por um lado, ela acredita que é positivo se inspirar em exemplos das redes sociais para readequar a alimentação. Por outro, a consulta de dicas na internet pode ser prejudicial caso não haja um acompanhamento profissional. Nesse contexto, surgem as dietas “milagrosas”, que prometem emagrecimento rápido, mas que podem, eventualmente, causar algum risco à saúde. No infográfico abaixo, você pode conferir algumas dessas dietas e o que elas podem causar:
Pamella alerta que esse tipo de conduta pode ser perigoso. “Um dos principais riscos é adquirir alguma carência nutricional, perda de massa muscular que pode causar o efeito sanfona e até gerar problemas mais graves”, explica.
Texto: Bianca Moreira e Sofia Hermoso
Produção multimídia: Larissa Caliari
Edição: Clara Tadayozzi