O Setembro Amarelo é uma campanha brasileira criada em 2015 a partir do CVV – Centro de Valorização da Vida e tem o objetivo de conscientizar a população sobre a prevenção do suicídio e alertar os mais diferentes públicos de que o assunto deve ter um local de maior destaque nos debates sociais do país.
Segundo a Organização Mundial da Saúde a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio. O Brasil é o 8° no ranking de países em relação a números absolutos – cerca de 32 pessoas tiram suas vidas por dia. A média brasileira varia de 6 a 8 mortes por 100 mil habitantes, abaixo da média mundial que é de 13 e 14 mortes por 100 mil pessoas.
Entretanto, enquanto a média mundial se mantém estável, no Brasil esse número tem aumentado, principalmente entre os jovens de 15 a 30 anos. Isso se dá por muitos motivos diferentes como as mudanças físicas, depressão, ansiedade, medo, culpa e uma série de outros fatores.
Na conjuntura em que se encontra a sociedade brasileira, o jovem é muito pressionado a ‘‘fazer algo’’ e “ser alguém”. Isso geralmente implica na pressão de fazer faculdade, e, nesse meio, deve-se lidar com altas concorrências, situações de intenso estresse psicológico e emocional, além de, posteriormente, buscar um bom emprego e boas condições financeiras. Existem milhões de motivos que fazem as pessoas cogitarem a cometer suicídio. A pressão universitária é apenas uma delas. A sanidade mental não tem espaço em políticas públicas e deve ser discutida abertamente para prevenir o ato de tirar a própria vida.
Apesar de ser mais comum no gênero masculino, as mulheres, tentam o suicídio mais vezes. Outro dado relevante que chama a atenção é o de que pessoas inseridas na comunidade LGBTQI+ têm índices maiores de mortes no país. Isso está ligado a cultura e preconceitos ainda não superados numa sociedade misógina, racista e homofóbica que tem problemas em aceitar pessoas que lutam por igualdade.
Tabu
O suicídio ainda é visto como tabu por muitas pessoas, uma vez que o suicida é apontado como um fracassado, covarde, que não atingiu seus objetivos e por isso se matou. É importante ressaltar que uma pessoa suicida é uma pessoa que precisa de ajuda e que possui uma “arquitetura cognitiva deturpada”, segundo o psiquiatra suicidólogo José Manoel Bertolote. Por isso, terapia é indispensável.
Paradigmas como é “pecado” ou “imoral” devem ser quebrados. É uma condição individual e social que deve ser combatida com empatia, diálogo e mãos estendidas.
As estatísticas não são favoráveis e crescem a cada ano, por isso a importância de falar sobre o assunto, de divulgar. Nossa sociedade vive um clima de tensão, competição e insensibilidade – pratos cheios para os transtornos emocionais se desenvolverem. A ajuda pode vir de várias maneiras, mas o primeiro passo é entender o contexto e ter a empatia necessária para ajudar a quem precisa.
Lembrando que a OMS (Organização Mundial da Saúde) diz que em 90% dos casos o suicídio pode ser prevenido, desde que haja condições ideais de auxílio, seja ele voluntário ou profissional/particular. O importante, é traçar planos de políticas sociais para que integrem quem precisa de ajuda e quem está disposto a ajudar.
Aqui no Brasil já existem programas de saúde pública que proporcionam o atendimento especializado em algumas regiões do país. O CVV por exemplo, é um grupo que conta com mais de 2 mil voluntários que oferece apoio emocional das mais variadas formas, pelo telefone, Skype, e-mail, pessoalmente, telefone e até por um chat online. O serviço é gratuito e tem profissionais preparados para conversar e compreender pessoas em risco.
Em Bauru
O CVV (Centro de Valorização da Vida) promove os eventos do Setembro Amarelo em Bauru. A programação dura o mês inteiro e conta com diversas palestras, além de concertos e shows.
No dia 1 deste mês, pontos de Bauru receberam uma iluminação especial. A Câmara Municipal, a Praça do Avião, a Torre Eiffel da ITE, a Estátua da Liberdade da Havan e o Parque Vitória Régia ficaram amarelos, a cor de conscientização ao suicídio.
No dia 2 o escritor Richard Simonetti lançou o livro O melhor é viver no Centro Espírita Amor e Caridade. O livro é um romance e conta a história de um grupo de médiuns que, sob orientação espiritual, se dedica a socorrer pessoas que passam por dificuldades e pensam em desertar da existência.
Dia 5 houve uma palestra com o suicidólogo, psicólogo e escritor José Manoel Berlote, na Unesp.
No feriado da Independência, o desfile cívico no Sambódromo de Bauru também esteve mais amarelo, porque um grupo do CVV participou do ato.
E ontem, dia 10, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, houve um concerto com a Orquestra Musicrescer, também no Centro Espírita Amor e Caridade.
Já no dia 14, você poderá acompanhar a programação do Setembro Amarelo com a transmissão ao vivo do concerto com a Orquestra Guri, que acontecerá no Shopping Boulevard a partir da 19h30 e também da palestra com José Carlos dos Santos, que falará sobre suicídio, na Faculdade Anhanguera, começando às 19h. Os dois eventos serão cobertos simultaneamente pelo Repórter Unesp.
No domingo, 16, às 9h acontecerá a Caminhada pela Vida, na Avenida Getúlio Vargas.
No dia 17, mais uma palestra, e dessa vez ministrada pela professora Kelly Graziani Giacchero Vedana. Junto à palestra ocorrerá um show com a banda 12 Cordas. Será na Unesp, com início às 19h30.
Dia 21 ocorrerá uma palestra junto com o lançamento do livro A tristeza transforma, a depressão paralisa do psiquiatra e escritor Neury José Botega, às 19h na Unip. Neury usa sua experiência clínica para falar sobre crises de depressão e abordar as principais dúvidas que permeiam a cabeça de todos, principalmente de quem sofre do transtorno e de seus respectivos familiares.
O Pedal pela Vida, organizado por ciclistas de Bauru em parceria com o CVV, ocorrerá no Sest/Senat, dia 23, com início às 8h.
No dia 24 haverá uma palestra e a apresentação da Orquestra Guri na Unesp, o evento começará às 19h30.
A psicóloga Luciana Handa falará sobre “Suicídio: prevenção e pósvenção”, na USP, dia 28, às 19h.
E encerrando o Setembro Amarelo, dia 29 o Alameda Quality Center receberá um show cover da banda Legião Urbana a partir das 21h.
Falar é a melhor solução
O centro de Valorização da Vida de Bauru atende, em média, 2500 ligações por mês. O atendimento é realizado por terapeutas voluntários, dispostos a ouvir e orientar sempre que necessário. O número para falar com alguém do CVV é o 188, que funciona 24h, ou você pode entrar em contato pelo site: www.cvv.org.br.
Texto: Nathália Sousa e Sérgio Pantolfi