Desde sua colonização o Brasil apresenta diferentes formas de trabalho, ou exploração trabalhista. Índios sob domínio dos portugueses, negros trazidos da África para servirem como escravos, operários trazidos da Europa, os trabalhadores rurais, movimentos sindicais por melhorias no trabalho, a Consolidação das Leis do Trabalho sancionada no Governo de Getúlio Vargas e agora a Reforma da Previdência iniciada no governo de Michel Temer. Tudo isso explica um pouco o que, hoje, vemos como trabalho no Brasil.
A vinda dos portugueses ao Brasil dá início a primeira “relação de trabalho” que conhecemos no país, a exploração do trabalho indígena. Passada esta fase, o Brasil começa a ganhar uma cara e um fator representante para a economia mundial, a produção de café nas lavouras. Lá o trabalho começa com a escravidão dos negros, que eram trazidos do continente africano para a produção do café.
Após essa triste fase de nossa história, os fazendeiros brasileiros ficaram sem mão de obra para as suas fazendas, então começam a vir os trabalhadores europeus para tentarem a vida no país, em sua maioria portugueses, italianos e espanhóis.
Então, um acontecimento muda os rumos do trabalho no país. Com o declínio da monocultura do café, os trabalhadores rurais começaram a perder suas terras e seus empregos, fazendo assim com que se mudassem em massa para as grandes cidades em um processo que ficou conhecido como Êxodo Rural.
As formas de trabalho então mudaram. Os avanços do capitalismo pelo mundo refletiram diretamente no país que passou a adotar modelos de trabalho parecidos com os das grandes potências mundiais. Indústrias começam a se instalar no país, assim como grandes multinacionais, em sua maioria atrás de operários com mão de obra barata.
As explorações trabalhistas ganham nova forma e então uma grande resistência surge no Brasil, conhecida como movimentos sindicais, onde os trabalhadores brasileiros se organizavam e lutavam pelo fim das explorações e por melhores condições de trabalho. Essa luta tornou-se um dia simbólico no país e no mundo: o dia 1º de Maio, cuja data é um marco em memória aos trabalhadores estadunidenses que morreram lutando por melhores condições de trabalho em Chicago. A data ficou conhecida como o Dia do Trabalho, ou dia do Trabalhador.
No Brasil, o Dia do Trabalhador foi consolidado em 1925, por meio de um decreto do então presidente Artur Bernardes. A data era lembrada pelos grupos que conduziam o movimento operário no país. Em uma tentativa de transformar a data em um marco comemorativo. No dia 1º de Maio de 1943, Getúlio Vargas criou a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.
Entre muitos avanços, e alguns retrocessos, a luta dos trabalhadores brasileiros continua. O que antes parecia apenas uma forma de ganhar dinheiro, hoje ganha novos significados. O brasileiro vê o trabalho não só como uma forma de sustentar a sua família, mas também como uma forma de ser digno, um meio para buscar a sua liberdade.
Para tratar dessa temática complexa, a edição 56 do Repórter Unesp escolheu abordar o assunto sob três perspectivas: o trabalhador no campo, o trabalho na cidade e as relações trabalhistas ligadas a ambos. Então, podemos compreender um pouco mais de como foi a história do trabalho no país, do que é hoje e dos caminhos futuros para o mercado de trabalho brasileiro
Desejamos a todos uma boa leitura,
A Redação
Editora-Chefe: Aline Campanhã
Editora Adjunta: Maria Eduarda Guelfi
Gestor de Mídias Sociais: Caique Resende Peruch
Nesta edição:
- Como os imigrantes estão inseridos no mercado de trabalho brasileiro
- Os desafios de trabalhar na terceira idade
- Acessibilidade em empresas para trabalhadores surdos
- Da entrevista de emprego ao cotidiano nas empresas: os obstáculos dos transexuais
- A prostituição e a luta para ser regulamentada
- Os desafios da mulher ao volante
- Estágio é a primeira oportunidade de desenvolvimento profissional
- Reforma trabalhista: o que mudou?
- Movimento sindical resiste ao tempo e ganha contornos nacionais
- As mil faces da Reforma da Previdência
- Mulheres e a dupla jornada
- O arquétipo do trabalhador diante da luta de classes
- A pobreza como base para a exploração da mão de obra infantil no campo
- Demanda de capacitação e novas relações de trabalho rural no Brasil
- Em contramão às décadas anteriores, interior é alternativa para quem busca recomeços
- Conheça quem produz a comida que chega à sua mesa
- Trabalho escravo no campo: o preço do PIB nacional
- O que tem atrás das cercas das grandes propriedades no Brasil?