Vida no cardápio: conheça a dieta de famílias veganas e vegetarianas
Num momento que se discute preservação ambiental e respeito à natureza é importante trazer para o dia a dia alternativas para que as pessoas façam sua parte na proteção do planeta. No Brasil, segundo pesquisa do IBOPE de 2018, 14% da população se declara vegetariana. Nas regiões metropolitanas, houve um crescimento histórico de 75% em relação a 2012, quando a porcentagem de vegetarianos declarados era de 8%. Dentre estes se encontram famílias veganas e vegetarianas.
O vegetarianismo e o veganismo tem o papel fundamental de ir muito além da saúde individual, já que os impactos ambientais são inúmeros. A pecuária tem consequências muito sérias na natureza já que consome grandes quantidades de água, grãos, combustíveis fósseis, pesticidas e drogas. Além de causar prejuízo ao solo, extinção de espécies, desmatamento e queimadas. Existe ainda um agravante: muitas dessas atividades acontecem ilegalmente.
Vegetarianismo e veganismo: uma saída
O professor de química Alexandre Legendre tornou-se vegetariano em 2002 e sua esposa Caroline, que é estudante, é vegetariana desde 2015. Alexandre, depois de 10 anos de vegetarianismo, cortou da dieta também ovos, leite e derivados, contudo, ele diz que a transição não foi difícil, foi até curiosa na verdade: “da noite pro dia, eu decidi que não comeria mais carne. E cortei”, ele conta.
Além de discutir com os alunos em eventos sobre as consequências do consumo de carne, Alexandre teve que conversar muito com a família também. Depois de muitos desentendimentos acerca do assunto, hoje o pai dele também é vegetariano!
Vegana de nascença
Questionar o que se come, por que se come e alternativas de mudança para uma vida mais saudável é o que está em pauta em muitas famílias que encontraram no vegetarianismo e no veganismo uma opção. É o caso, por exemplo, da família da Minervina Lopes, que é bibliotecária. Ela é vegetariana há 5 anos e o marido, Erik, há 8.
Quando a Melissa, que hoje tem 5 anos, nasceu, ela decidiu mudar de vez os hábitos alimentares: “eu nunca fui de consumir muita carne, tinha nojo. E eu queria criar minha filha vegetariana, e seria hipocrisia da minha parte continuar consumindo carne, mesmo que eventualmente”. Como resultado dessa escolha de vida, a filha do casal estuda em uma escola onde a alimentação é 100% vegetariana!
Além disso, a família normalmente participa de piqueniques veganos, especialmente para incentivar a filha a se sentir acolhida e representada. Mostrando pra a criança que existem pessoas iguais a ela e que não precisa se sentir excluída em nenhum espaço por conta da sua alimentação.
Substituições e cuidados
Pensando nas famílias vegetarianas/veganas e na introdução alimentar das crianças, a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVG) desenvolveu, em parceria com médicos pediatras, nutricionistas, culinaristas e, é claro, pais, um e-book chamado “Alimentação para bebês e crianças vegetarianas até 2 anos de idade – um guia para a família”. O primeiro momento de contato do bebês com uma alimentação diferente do leite materno é muito importante, posto que é essencial que sejam oferecidos todo os nutrientes necessários para o desenvolvimento.
A Minervina e o Erik incentivam a Melissa em sua alimentação sem carne sempre dando ênfase ao que está no prato, não ao que não está. “Nós também sempre damos a ela várias opções, para que ela possa escolher o que mais gosta”, explica a mãe.
As crianças de famílias veganas, entretanto, vão crescendo e os questionamentos vão aparecendo. Quando a Melissa perguntou aos pais por que eles não comiam carne – após ver outras pessoas consumindo -, a mãe dela explicou: “ela ainda não entende o que é morte, mas entende o que é dor. Fui contando a ela sobre o corpo, sobre machucar os animais e que não queríamos fazer parte disso. Sempre descrevendo de uma forma que ela, nessa idade, possa compreender”.
Por fim, é muito importante respeitar a luta pelos animais e pela luta do meio ambiente como uma luta por toda a vida no planeta. Todas os seres vivos dependem da riqueza e do equilíbrio ambiental para desenvolverem seus ciclos e perpetuarem suas espécies. Portanto, seres humanos, uma vez dotados de inteligência e capacidade de discernimento, tem o dever social e moral de cuidar e zelar pelo lugar que nos acolhe: a Terra.
Repórter: Letícia Ferreira de Pinho
Produtor de Mídia: Laura Lima Kerche
Editor: Fellipe de Souza Gualberto Leite