Conferência tornou relevante o termo Desenvolvimento Sustentável e foi crucial para despertar a preocupação com o meio ambiente
Em 1992, o Rio de Janeiro recebeu mais de 150 chefes de Estado para discutir o desenvolvimento sustentável. Realizado pela Organização das Nações Unidas, o encontro, chamado de Eco-92, tinha como objetivo delinear estratégias e estipular metas de sustentabilidade atreladas ao desenvolvimento econômico.
Assim, criou-se o termo desenvolvimento sustentável. Conhecida também como Rio-92 ou Cúpula da Terra, a conferência representou a preocupação do Brasil redemocratizado com questões ambientais.
Alguns dos temas discutidos na ocasião envolviam questões que ainda se mantêm atuais. A poluição e a escassez da água, o uso de transportes alternativos, a adoção de energias renováveis, o turismo ecológico e a reciclagem foram algumas das pautas.
O aquecimento global, que desde a década de 70 tornou-se uma das principais preocupações mundiais, principalmente a partir da Conferência de Estocolmo, foi decisivo para a criação de protocolos, como o de Kyoto, para reduzir a emissão de gases poluentes na atmosfera.
Acordo
A Eco-92 foi de fundamental importância para selar um compromisso de desenvolvimento sustentável entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Os envolvidos acordaram cumprir uma série de ações que colaborariam com a promoção de um desenvolvimento sustentável por cada nação assinante.
Desta forma, cada país pôde formular sua própria Agenda 21. Trata-se de uma espécie de documento com ações e metas visando a construção de sociedades sustentáveis ao redor do mundo.
Entretanto, a preocupação ambiental não parou apenas nessa conferência de 1992. Nas décadas seguintes ocorreram outras, como a Rio+10, na África do Sul, dez anos após a Eco-92. O encontro focou em temas como medidas que levassem água e saneamento básico a todos os seres humanos, o fim da pobreza extrema e o destino adequado para o descarte de produtos tóxicos.
Já em 2012, uma outra conferência, também realizada na capital carioca, a Rio+20 acrescentou ao debate a importância de instituições para um melhor desenvolvimento sustentável. Discutiu-se, também, os benefícios sociais e ambientais trazidos pela chamada economia verde.
Anos depois
Entretanto, será que nessas quase três décadas após a Eco-92 chegamos, enfim, ao equilíbrio sócio-ambiental em nosso país?
Na década de noventa, as práticas ambientais ficavam mais no discurso, pois a prática dessas medidas só ocorreria quase uma década depois, em 2004, quando começou-se a pensar e adotar ações de preservação da floresta amazônica. Tais políticas buscavam diminuir o desmatamento na região responsável pela manutenção climática não só do país, mas também de todo o globo.
Com os recentes escândalos ambientais envolvendo os poucos meses do governo Bolsonaro, um debate mundial tem sido travado à respeito das medidas de descaso governamental tomadas, principalmente, em relação à Amazônia, que nas últimas semanas se viu em meio a inúmeros incêndios.
Vale lembrar que os problemas no governo atual não se resumem apenas a questão Amazônica. Mas, também, o descaso com o Ministério do Meio Ambiente, que teve 22,8% dos recursos financeiros congelados.
Além disso, deve-se destacar a questão indígena, que também vem sofrendo com medidas governamentais. Dentre elas, está a decisão de retirar da Funai e do Incra a responsabilidade sobre as demarcações territoriais. Tal atribuição passou a ser do Ministério da Agricultura. Este, por sua vez, representa um dos setores mais antagônicos a questão ambiental amazônica. Afinal, a maior parte do desmatamento é realizado para cultivo de plantações do agronegócio.
Desmatamento cresce
Voltando para a questão atual da Amazônia, para se ter uma melhor noção do quão grande foi o território amazônico desmatado, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em agosto deste ano, cerca de 1.701 km² da floresta foram perdidos devido à queimadas. No ano passado, a área atingida foi de 526 km², o que mostra um crescimento de 223% em 2019.
Desde os anos noventa, quando o INPE começou a realizar uma avaliação da cobertura florestal na Amazônia Legal, utilizando dados entre o ano de 1988 a 1996, o maior pico de desmatamento bruto foi dado no ano de 1995, com uma extensão de 497.055 km². Segundo dados do IBGE de 2016, em comparação com a década atual, a área total desmatada na Amazônia aumentou 51% nos últimos 20 anos.
Como já dito anteriormente, a situação atual envolvendo o descaso com a Amazônia não é apenas de interesse nacional, mas também mundial. Afinal, as recentes queimadas têm colaborado com o aceleramento do processo de aquecimento global.
Segundo o Serviço Meteorológico do Reino Unido (Met Office), o desmatamento fará com que a década de 2014 a 2023 seja a mais quente nos últimos 150 anos.
Por isso, para que evitemos um aumento ainda maior, precisaremos repensar e reduzir as emissões de gases que originam o efeito estufa. Um deles é o dióxido de carbono liberado pelas queimadas na Amazônia, por exemplo.
Repórter: Isabela Almeida
Produtora multimídia: Caroline Roxo
Editor: Leandro Gonçalves
Editora-chefe: Nayara Campos