Nº 12 – 2014 | Cultura, lazer e equipamentos sociais
Perguntados sobre como vencer uma partida, muitos garotos da várzea certamente subscreveriam no relato a terra batida e sem grama que sobe do chão, os calos nos pés e a força do chute que, ao endereçar a bola à meta, mete o goleiro na empreitada de recuperar a bola, distante pela ausência das redes.
Do outro lado da rua, opostos à ousadia desse lazer ilustre e improvisado, apresentam-se muros altos, isolados por cercas elétricas, que impedem o exterior de vislumbrar o interior, ou o contrário. Enclausurar o lazer é tendência crescente nos grandes centros urbanos. Nesses ambientes privatizados, podem-se ignorar os incontáveis problemas sociais decorrentes do crescimento irrefreável das cidades.
Criam-se, portanto, simulacros do que deveria ser o espaço público, porém em ambientes reclusos. Em meio a esse panorama, o espaço urbano passa a ocupar-se do lazer enquanto momento de consumo, do qual os shoppings são os principais representantes. Equipamentos de lazer e espaços de convivência, conceitos presentes nas agendas públicas, sofrem a crescente tendência de privatização.
A importância desta edição é entender a cultura não apenas como produto da atividade humana. Considerou-se, também, como os produtos culturais são socialmente desenvolvidos. É nesse sentido que se faz necessário compreender o lazer como atividade cultural. A maneira com que se dá o acesso às diferentes formas de lazer é o ponto de partida do conteúdo produzido.
O espaço de lazer é o próprio espaço urbano. No entanto, por mais contraditório que isso pareça, é necessário ponderar sobre a democratização desses ambientes. Eventos recentes evidenciaram a hierarquização do acesso ao meio público. Definem-se possibilidades restritas de acesso aos equipamentos sociais – entendidos como ambientes de alcance amplo e democrático que se destinam à promoção do lazer e da cultura.
Amanda Lima – editora-chefe
amandalima.aml@gmail.com
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