O MSN ficou offline
Quando a Microsoft anunciou o fim de seu messenger instantâneo em 2012, muitas pessoas declararam “o fim de uma era” na internet. Criado em 1999 para competir com outros programas de mensagens instantâneas, o famoso MSN foi descontinuado com mais de 300 milhões de usuários e como líder absoluto do mercado.
No Brasil, o serviço demorou para se estabelecer, especialmente pela infra-estrutura da internet no país. O cenário só mudou a partir de 2002, na quinta versão do programa e sendo parte integral do sistema Windows XP, sistema dominante no país.
O MSN foi encerrado oficialmente no dia 13 de abril de 2013 em todo o mundo (exceto na China continental, onde o programa continua ativo por motivos mercadológicos), e os usuários que quisessem continuar usando sua rede de contatos da Microsoft deveriam migrar para o novo serviço de mensagens instantâneas da empresa, o Skype. O motivo da mudança, de acordo com a própria Microsoft, é aumentar sua base de contatos e criar uma maior integração entre todas as plataformas em que opera, como os computadores, tablets e celulares.
O concorrente que levou a melhor
Bem antes dos usuários do messenger migrarem para o Skype, o programa já tinha por volta de 170 milhões de usuários, que passavam 2 bilhões de minutos diários conectados – um equivalente a 33 milhões de horas. Criado por Niklas Zennstrom e Janus Friis, esse serviço de ligações e chamadas de vídeos gratuitas completou 10 anos em 2013.
Logo quando surgiu, tornou-se líder no ramo de ligações de voz via internet. Dois anos depois, foi comprado pelo eBay por um valor de 2,5 bilhões de dólares. Nos primeiros meses sob a nova direção, os negócios não iam bem: o eBay chegou até a declarar ter superestimado o valor do Skype.
Com a maior socialização a partir da versão 3.1, a situação começava a melhorar para o Skype, mas ainda com alguns problemas. Os Skypecasts, serviço que permitia criação de conferência com até cem participantes, não atingiu a qualidade mínima esperada e foi fechado em 2008 – ano em que os fundadores do programa e a direção do eBay se desentenderam.
Em busca de mais interação entre os usuários, o programa incluiu as funções SkypeFind (espécie de guia telefônico), novas opções para procurar pessoas conhecidas (diretório do usuário) e plugins com jogos e outros recursos. Além disso, investiram nas vídeo conferências em HD, compartilhamento de tela, no Skype WiFi e, por fim, na expansão para todos os dispositivos móveis (Android, iPhone e iPad).
Em 2009, o Skype foi adquirido com participação majoritária pelo fundo de investimentos Silver Lake. Companhias e outros fundos como os donos anteriores (eBay), CPP Investment, Andreesen Horowitz e Canada Pension Plan Investment Board mantinham também direitos sobre o programa. A situação mudou quando, em maio de 2011, a Microsoft realizou a compra do Skype por 8,5 bilhões, sem nenhum tipo de restrição.
O legado do MSN
O MSN foi uma febre entre os adolescentes tão grande que seu uso acabou por influenciar na vida deles. A linguagem difundida pelo meio virtual precisava acompanhar as demandas do serviço: as mensagens instantâneas permitiam comunicação ainda mais rápida e eficaz quando se abreviava palavras. Esse hábito, no entanto, começou a aparecer na prática cotidiana, nos ambientes escolares.
Leia Mais:
Pesquisa revela os hábitos dos brasileiros na internet
Adeus, Messenger! Microsoft irá encerrar o serviço no dia 15 de março
Fim do MSN! Microsoft encerra mensageiro na China, o último país com o serviço
Enquanto os jovens aproveitavam essa tecnologia, os pais e professores se preocupavam com tamanha influência dela. As palavras abreviadas e neologismos passaram de ocasionais à frequentes. Essas pequenas transgressões, porém, precisavam ter um fim, uma vez que a linguagem padrão é fundamental para o melhor desempenho nos vestibulares. Formada em Letras, Amanda Batistela analisou essas influências do MSN e a linguagem virtual na vida dos adolescentes. Segundo ela, uma solução vista pelos professores foi trabalhar, dentro de sala, a questão das variantes lingüísticas.
Com o fim do MSN, muitos se perguntaram qual seria a rede social sucessora, a nova queridinha dos jovens. A intenção da Microsoft era que o Skype fosse o programa escolhido. No entanto, nem todos gostaram da experiência de usá-lo ou conseguiram se acostumar com sua interface.
A psicóloga Carla Costa Barros acredita que o Facebook é a que mais se aproxima do que o MSN foi para os jovens, sendo uma ferramenta de entretenimento, socialização, interação e diversão. “Parece que o Facebook não só supriu esta oferta, como agregou outras possibilidades tecnológicas que o MSN não oferecia e o Skype também não oferece; tais como: postagem de fotos, vídeos, atualizações de notícias e a grande curtição dos jovens que é a possibilidade de expressarem suas emoções e vivências, numa espécie de diário virtual”, argumenta Carla.
Reportagem: Giovanna Hespanhol e Jonas Lírio para o suplemento Login/2014
Produção: Marília Garcia