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Os desafios do cheerleading no Brasil

Saltos, acrobacias, dança, animação e estímulo para a torcida. As cheerleaders  ou líderes de torcida –, a princípio, tinham apenas a função de acompanhar seus times em campeonatos, amistosos, disputas e treinos. A prática evoluiu e é considerada um esporte em si, com características próprias somadas a aspectos da ginástica de solo e de dança.

Uma das principais características do cheerleading é a união. As flyers (“voadoras”), meninas que são levantadas nas acrobacias, precisam de muita confiança nas bases laterais e traseiras, que farão todo o esforço para erguê-las. O time tem de estar em sintonia e saber respeitar o tempo de cada integrante.

A prática é recente no Brasil e vem ganhando força ao longo dos anos, mas o fato de ela não ser tradição aqui como é nos países da América do Norte é um fator que dificulta o estabelecimento do esporte, segundo o cheerleader Rafael Briet, das Texuguetes da Unesp de Bauru. “Não existe uma base teórica e prática para que a gente pratique, não temos tanta facilidade e conhecimento quanto os times dos Estados Unidos e do Canadá, por exemplo.”

Abaixo, a apresentação do grupo de Rafael no Interunesp 2014, jogos universitários de todos os câmpus da Unesp:

O cheerleading é muito baseado na ginástica olímpica e nos movimentos gímnicos – fundamentos básicos da ginástica –, praticados desde a educação básica nesses países. “Para eles, a ginástica é a base para praticar outros esportes, como atletismo, basquete, futebol”, diz Rafael, que coordena a equipe das Texuguetes e aponta outros fatores que dificultam na hora de se estabelecer na universidade.

“Não há uma organização maior que comande [o esporte], como Atlética, empresas juniores ou Diretório Acadêmico. É algo organizado anonimamente por alunos interessados no esporte que se renovam constantemente”. Segundo o cheerleader, em 2010 o time era grande, com cerca de vinte membros, e contava com um treinador. Entretanto, os integrantes se formaram e sobraram poucas pessoas, que não tinham tanto conhecimento em ginástica ou em cheer. “Não tem alguém fixo que estará sempre ajudando.”

A UBC

A União Brasileira de Cheerleading existe desde 2007, mas só começou a exercer suas atividades em 2009. Além de organizar o Campeonato Nacional, ela ajuda o esporte a crescer de forma melhor estruturada no Brasil. Sara Souza, diretora comercial da UBC e formada em educação física e dança, ressalta que o dinheiro das afiliações à organização é totalmente voltado para o desenvolvimento do cheerleading, trazendo treinadores renomados para ministrar cursos e palestras, desenvolver métodos e o que for necessário para aprimorar o esporte.

Neste ano, o Campeonato Brasileiro de Cheerleading chega à sua sexta edição. Podem se inscrever grupos com no mínimo cinco e no máximo 36 pessoas, sendo que o critério de avaliação é baseado nas normas da ICU (União Internacional de Cheer), que estabelece regras internacionais para cheerleaders.

O número de integrantes pode variar bastante, mas a avaliação é justa. Sara explica que, por exemplo, se houver cinco pessoas na equipe, ela tem que apresentar pelo menos uma elevação; se forem 20 pessoas, pelo menos cinco elevações, e assim por diante. “São métodos simples que tornam justo o julgamento”, complementa.

Neste ano, a competição contará ainda com um modo mais padronizado e integrado ao cheer internacional, de sistema por níveis, em que cada equipe compete apenas com equipes do mesmo nível.

(Infografia: Amanda Moura)

(Infografia: Amanda Moura)

Para o esporte decolar de vez no Brasil, Sara comenta que falta estrutura financeira, como “um ginásio adequado para dar cursos, estrutura, tablado e capacitação de pessoas. Necessitamos de mais incentivadores e investidores para fazer o esporte crescer mais rápido.”

Integração
O esporte é comumente lembrado pelas participantes mulheres, mas os homens também estão presentes e são muito bem vindos. Quando questionada sobre a presença masculina na modalidade, Sara Souza comenta que “homens são totalmente necessários, assim como mulheres, gordos, altos, magros, baixos. (…) O preconceito existe em todo lugar e no cheer não é diferente. Mas a galera que está dentro apoia e tenta mostrar que cada um pode ser o que quiser”.

Saiba mais:
Perfil de Daniela Ambrósio, vice-campeã nacional de cheerleading

Reportagem: Flávia Nosralla
Produção multimídia: Amanda Moura
Edição: Victor Rezende

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