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A invisiBIlidade dentro do movimento LGBT+

Em muitas situações, as pessoas bissexuais são apontadas como confusas ou que buscam esconder a sua verdadeira orientação sexual. Por esse motivo, acabam sofrendo preconceito na sociedade e, até mesmo, dentro da comunidade LGBT+. Além de lutarem contra a invisibilidade e os estereótipos que lhes são atribuídos, essas pessoas tentam desconstruir o padrão binário hétero/homo.

De acordo com o Instituto Americano de Bissexualidade, o que unifica todas as pessoas que se identificam como bissexuais é o fato de que elas podem sentir atração sexual e/ou romântica por mais de um sexo ou gênero. Um estudo publicado em 2011 pelo William’s Institute, dos 3,5% das pessoas que se identificaram como pertencentes ao grupo LGBT, mais da metade é bissexual.

Amanda C., fundadora do BlogSouBi, conta que seu processo de autoidentidade e aceitação foi relativamente fácil, pois sempre teve desejo por homens e mulheres. “Assumi a identidade bissexual há cerca de cinco anos, quando comecei a namorar a minha atual esposa. Antes, eu imaginava que estar com uma mulher era apenas curiosidade, algo mais físico. Quando conheci minha esposa, no entanto, me apaixonei e quis ter um relacionamento com ela. Hoje consigo enxergar que sempre fui bissexual, mas não queria admitir isso para mim mesma”, explica.

Para fazer desse processo algo mais simples, o apoio de amigos e familiares é essencial. Para Amanda, além do apoio dos seus amigos, a compreensão e aceitação de sua mãe foi essencial. “Minha mãe descobriu antes de eu contar. Disse que me amaria de qualquer jeito. Hoje, ela me apoia, escreve mensagens a favor da comunidade LGBT no Facebook. Ela se tornou uma ativista como eu. Responde aos amigos dela homofóbicos e tenta esclarecer a questão, dizendo que ser gay, lésbica ou bissexual é uma identidade que precisa ser respeitada”, relata.

(Imagem: Giovanna Hespanhol/Revista Valentina)

Mesmo dentro da comunidade LGBT+ esse preconceito é forte. De acordo com um documento publicado por San Francisco Human Rights Commission, os bissexuais costumam ser ignorados, discriminados, demonizados ou invisibilizados tanto pelas comunidades heterossexuais quanto pelas homossexuais. O documento afirma que, apesar de anos de ativismo da comunidade LGBT, e de serem o grupo numericamente maior dentro desta, as necessidades dos bissexuais ainda não são trabalhadas e discutidas, e a própria existência deste grupo é colocada em dúvida.

Amanda relata que já teve que explicar para pessoas de sua convivência que, apesar de ser casada com uma mulher, é bissexual, e não lésbica, como as pessoas costumam tentar defini-la. “Muita gente, mesmo dentro da comunidade LGBT, acredita que somos pessoas confusas. Há heterossexuais que acreditam que só queremos curtir um pouco com pessoas do mesmo sexo e há gays que nos julgam dizendo que não queremos assumir a identidade homossexual. Se eu amei um homem e agora amo uma mulher, isso quer dizer que sou lésbica? Então o que aconteceu no meu passado não significa nada? E se fosse o contrário? Eu seria heterossexual mesmo depois de ter vivido com uma mulher?”, questiona.

A bissexualidade por bissexuais

Dentre os estereótipos que os bissexuais têm que enfrentar estão: promiscuidade, poligamia, trocar de parceiros frequentemente, ser “confuso” ou ainda “ganancioso” e “pervertido”. Além disso, Amanda explica que a “bissexualidade feminina ainda é vista como fetiche masculino e a bissexualidade masculina é vista como uma maneira de um homem esconder a sua homossexualidade”. A blogueira conta que já ouviu mulheres bissexuais afirmarem que não acreditavam na bissexualidade masculina: “veja como o ser humano é engraçado. Como alguém bissexual pode julgar que outra pessoa, de outro gênero, não pode sentir a mesma coisa?”.

Para a fundadora do BlogSouBi, o importante é que as pessoas entendam que a bissexualidade não é uma escolha. “Alguém escolhe por quem se apaixona? Obviamente não”, desabafa. Além disso, Amanda defende que é necessário acabar com definições generalizadas e fechadas sobre a sexualidade. “Poderia dizer que a sexualidade humana é tão diferente quanto as nossas digitais. Os sentimentos, desejos, vontades e gostos são muito diversos e, na maioria das vezes, difíceis de explicar”, complementa.


Saiba mais:
Comunidade Assexual A2
Blog SouBi
Instituto Americano de Bissexualidade

Leia mais:
Assexualidade: não, não é uma doença
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Reportagem:
Bianca Arantes
Produção multimídia: Amanda Moura
Edição: Nathália Rocha

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