Sejam todos bem-vindos ao arraiá de São João!
Com o objetivo de louvar um santo ou arrecadar dinheiro para alguma instituição, as festas juninas costumam encher a agenda dos meses de junho e julho. Dentre os vários elementos que compõe o festejo, as quadrilhas, normalmente, são a atração principal
Comidas regionais, bandeirinhas de papel, fogueira, danças típicas e fogos de artifício são o que caracterizam as chamadas Festas Juninas. Essa festividade surgiu na Europa, durante a transição da Idade Antiga para a Idade Média, quando a Igreja Católica uniu suas celebrações aos santos do mês de Junho com os rituais dos antigos povos germânicos e romanos, de acordo com o site Brasil Escola.
Escolha o seu par e venha dançar a Quadrilha!
É comum que as escolas realizem festas juninas com a apresentação de danças típicas e comidas tradicionais. Penha Hespanhol é educadora física e trabalha com o ensino da Quadrilha há mais de 25 anos. Ela afirma que a Educação Física procura aliar o conteúdo “Danças Folclóricas”, e por isso, realiza a encenação de um “casamento caipira” seguido pela apresentação da dança.
“Ao ensinar a Quadrilha Junina e todo o aparato que dela surge, queremos resgatar e tornar presente na memória dos jovens a tradição e não deixá-la morrer”, afirma. Penha explica que ensinar as danças folclóricas e incentivar a sua continuidade são uma maneira de “desenvolver a expressão artística de um povo, suas tradições e seus costumes”.
Seguindo a tradição, a Paróquia de São João Batista e Nossa Senhora de Lourdes, da cidade de Bauru, São Paulo, realizou a sua festa em louvor a São João Batista e incorporou a quadrilha na festividade. Padre Paulo, responsável pela Paróquia, conta que começaram a incrementar a festa e a dança da quadrilha há dois anos, devido ao aumento da participação popular. No dia 27 de junho, adultos e crianças integrantes da Paróquia dançaram a quadrilha que, pelo segundo ano, “inverteu os papéis”: mulheres se vestiram de homens e homens de mulheres.
Padre Paulo foi o organizador da quadrilha e conta que o objetivo era fazer uma brincadeira: “é uma forma de mostrar que a gente é cristão e é alegre dentro do contexto em que vivemos”. Antes da dança, os integrantes apresentaram uma pequena peça sobre um casal que queria arrumar um casamento para a filha e faz um leilão para saber quem seria o noivo. Cristiano Aparecido da Silva é integrante da Paróquia e fez o papel da noiva. Ele afirma que a dança é uma maneira de transmitir um pouco de alegria para as pessoas e “sair um pouco fora de tudo que a gente vê por ai, toda notícia ruim e tudo o que está acontecendo no nosso país”.
Além da troca de gêneros, a quadrilha inovou também no repertório musical, adicionando músicas atuais. “A primeira sequência da música era a mesma, mas depois eles criaram algumas coisas que foram legais”, afirma seu Marino Guimarães Martins, que participou da festa promovida pela Paróquia. Ele conta que achou a quadrilha moderna e que sempre houve o costume de homens vestirem de mulheres e vice-versa. Dona Guiomar Gregório Martins, esposa de seu Marino, conta que, quando era solteira, costumava dançar em algumas quadrilhas, mas que a encenação do casamento, as roupas e a música eram tradicionais, diferente da que assistiu.
O homem do campo na Quadrilha
As festas juninas mantém o seu olhar voltado para o homem do campo, mas cada região brasileira possui suas próprias tradições. Essa referência fica evidente nas comidas e, principalmente, na caracterização dos participantes das quadrilhas. No interior paulista, é comum que as pessoas ao se fantasiarem incorporem elementos como roupas típicas, chapéus de palha e botinas.
Em muitos casos, os participantes acabam se caracterizando e comportando de uma maneira preconceituosa sobre ideia que tem do que seria o caipira. Esse estereótipo costuma apresentar uma visão do homem do campo como ingênuo, ignorante e que não sabe conviver em sociedade. Entretanto, nem sempre a caracterização ocorre dessa maneira ou é vista como negativa.
Padre Paulo afirma que as pessoas precisam perceber que o homem do campo se vestia de uma maneira que era natural para o seu meio: as roupas, os chapéus e as botas eram essenciais para o trabalho com animais e na lavoura, além de remeterem a simplicidade. Natural do município de Igarapava, São Paulo, ele afirma que: “particularmente, eu me emociono com tudo isso, porque era uma realidade que eu vivia”, o que mostra que manter a tradição é uma maneira de manter o vínculo com as suas raízes.
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Reportagem: Moema Novais
Produção de multimídia: Ihanna Barbosa
Edição: Pedro Borges