A evolução e o panorama atual das cirurgias plásticas
Existente desde a antiguidade, a cirurgia plástica pode servir tanto como um procedimento estético como para reconstruir partes do corpo humano
Os primeiros registros da história da cirurgia plástica na humanidade datam mais de dois mil anos antes de Cristo. Papiros vindos da Índia relatam técnicas rudimentares de reconstrução de partes do corpo, principalmente de cirurgias do nariz, graças às mutilações que serviam como castigo para os hindus. Séculos depois das práticas indianas, outra época de avanço para essas cirurgias foi durante as duas Guerras Mundiais. A necessidade de tratamento cirúrgico para soldados e civis afetados por bombas, tiros e desmoronamentos fez com que a prática evoluísse e, por consequência, surgisse a especialização de cirurgiões em reparações corporais e faciais.
Hoje, o ramo da cirurgia plástica cresce cada vez mais rápido. Evoluções aparecem tanto nos materiais usados pelos médicos, como os silicones e próteses cartilaginosas, como nas pesquisas acadêmicas. O Dr. Gustavo Bortolucci, cirurgião plástico e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, explica que uma das pesquisas que se destaca atualmente é a da técnica da bioengenharia de tecidos. Ela consiste na proliferação de células dos tecidos humanos e, em seguida, a aplicação deles para a recobertura de áreas do corpo, como a pele de pacientes queimados, por exemplo.
Segundo pesquisas da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), foram realizados, mundialmente, mais de 23 milhões de procedimentos cosméticos cirúrgicos e não cirúrgicos em 2013. Os Estados Unidos lideram as estáticas, seguidos pelo Brasil, México, Alemanha e Espanha. Porém, quando se trata apenas dos procedimentos cirúrgicos, o Brasil passa na frente, com 12,9%, enquanto os EUA realizam 12,5%. Apesar da diferença parecer pequena, ela é impactante: a população estadunidense é maior que a brasileira, são cerca de 100 milhões de pessoas a mais.
Estética x Saúde
A cirurgia plástica não cuida apenas da aparência de quem almeja mudanças em seu corpo. Ela também engloba as cirurgias reparadoras, que são feitas por uma ou mais necessidades fisiológicas do organismo. Quando a pessoa precisa restaurar funções vitais, como a cobertura cutânea ou alguma parte do corpo, “cabe ao cirurgião plástico e a outros especialistas cirúrgicos trazerem a restauração da funcionalidade do corpo. Ao passo que no caso das cirurgias estéticas, na maioria dos casos, os pacientes não tem nenhum comprometimento da fisiologia do organismo, que está em perfeitas condições”, explica Dr. Gustavo Bortolucci.
O cirurgião também explica que quando o médico se forma em Cirurgia Plástica, após se especializar em Cirurgia Geral, ele é capaz tanto de fazer a cirurgia reparadora quanto a estética. “Hoje não existe uma divisão dessas especialidades. A cirurgia plástica é uma só. O cirurgião tem que ter a capacidade de executar todas essas diferentes operações porque todas elas estão dentro da cirurgia plástica”, afirma.
Geralmente, casos de complicações e acidentes em cirurgias plásticas estéticas são alvos de sensacionalismo da mídia, mas os riscos que envolvem esse tipo de procedimento são os mesmos de qualquer outra operação que não seja estética. Para evitá-los, o cirurgião deve avaliar diversos fatores, como a idade do paciente, histórico de doenças, medicamentos que toma, se tem problemas cardiovasculares, entre outros. Dr. Gustavo explica que procedimentos de cunho estético, em sua maioria, oferecem um risco baixo de complicações. “Porém, o cirurgião plástico nunca pode dizer ao paciente que o procedimento é livre de de gravidade, porque todos os procedimentos, independente do tamanho, do porte, da extensão ou do tempo de duração, têm um pouco de risco”, alerta.
Dentro das cirurgias plásticas estéticas, a que costuma ter um pouco mais de complicações é a lipoaspiração. “Embora não tenha muitos cortes no corpo do paciente como em outros tipos de cirurgia, o ato de lipoaspirar causa uma resposta inflamatória muito grande no organismo”, explica o cirurgião. À medida que a gordura é aspirada pelo aparelho, todo o componente de gordura que está embaixo do pele sofre uma modificação e causa a resposta inflamatória, que quando é exagerada pode causar complicações.
Exageros
Com a intensa procura pela beleza, jovialidade e pelos padrões corporais impostos pela mídia, algumas pessoas recorrem à cirurgia plástica com mais frequência do que seria saudável e exageram nas modificações corporais e faciais. Para que isso não aconteça, é importante que o profissional seja bem formado e que saiba lidar com essas situações quando elas aparecem.
Essas pessoas sofrem de distúrbio dismórfico corporal e não conseguem enxergar a validade e os resultados de apenas um procedimento, o que faz com elas procurem incessantemente por mais cirurgias e tratamentos para alcançar objetivos que são muitas vezes impossíveis. “O ideal é que o profissional tenha estabelecido seus critérios para identificar através da psicologia, da conversa com o paciente e da consulta médica, que essa pessoa sofre desses problemas. E, a partir disso, o mais sensato e seguro é que as cirurgias não sejam realizadas porque acaba sendo um caminho sem volta”, afirma Dr. Gustavo.
Se realizadas com precaução, sem exageros e com profissionais que sejam bem especializados, as cirurgias plásticas podem ajudar muito a autoestima do paciente. É importante que os procedimentos estejam também aliados com uma alimentação saudável, com a prática de atividade física e até mesmo com acompanhamento psicológico, para que o paciente possa evoluir saudavelmente, sem que tenha a vontade e a falsa necessidade de recorrer a múltiplos procedimentos.
Se você deseja passar por algum tipo de cirurgia plástica, fique atento às dicas do Dr. Gustavo Bortolucci:
Leia mais:
Pesquisa sobre Cirurgia Plástica no Brasil (2009)
Portal da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
Reportagem: Marina Moia
Produção Multimídia: Amanda Fonseca
Edição: Bibiana Garrido