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Tecnologia cria e revoluciona profissões

Tecnologia proporcionou o surgimento de novas profissões e forçou aqueles que estão há mais tempo no mercado a se atualizarem

O mercado de trabalho já não engloba somente empregos tradicionais como comerciantes, advogados e bancários. Atualmente a tecnologia cria e revoluciona profissões que já existiam. Com o início da exploração comercial da internet no Brasil, em 1995, antigas formas de trabalho foram aos poucos sofrendo alterações e até hoje novos empregos e facilidades vem surgindo. Antes de ambientes totalmente envolvidos com a tecnologia, como já existem em alguns setores, houveram muitas transformações e adequações, tanto por parte dos profissionais como dos equipamentos de trabalho.

O Designer e Publicitário de 51 anos, Milton Marttinez comenta que quando começou a trabalhar o acesso aos computadores e a aprendizagem do novo equipamento era limitado. Ele conta que teve de vender um carro para comprar um computador e começou a aprender a usar a máquina por conta própria. Porém, afirma que “a velocidade que se desenvolvem novos softwares e o investimento necessário para adquiri-los nem sempre acompanham ou justificam a realidade econômica”. Dessa forma, estar por dentro das novas facilidades e se atualizar é uma tarefa difícil. Milton também comenta que geralmente as pessoas que trabalham com ele já nasceram na era da velocidade tecnológica e não precisaram aprender a usar os equipamentos.

Milton explica que antes da revolução dos computadores e da internet todo o seu trabalho era manual. Letras, Layouts e desenhos eram feitos manualmente. Com o passar do tempo os programas de computador para designers passaram a fazer boa parte do trabalho e praticamente todos os profissionais da área trocaram os papéis e lápis por mesas digitalizadoras e computadores.

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Atualmente somente um computador com conexão à internet é necessário para realizar trabalhos Home Office (Imagem: Monique Ferrarini)

Apesar dos problemas com relação à adequação de novas tecnologias, as novas oportunidades e formas de trabalho facilitam a vida das pessoas. Com o Home Office, por exemplo, os trabalhadores não precisam mais se deslocar em meio ao trânsito das cidades e ficar o todo dia fora de casa. Trata-se de uma nova forma de trabalhar, na qual o funcionário faz suas atividades em casa, com computador e acesso à internet.

As pessoas que trabalham no regime do Home Office têm a opção de estabelecer sua própria rotina e escapar do trânsito. Pedro Fialdini, de 21 anos, estagia em uma empresa que oferece essa opção aos empregados. Ele trabalha em casa de terças e quintas, e nos demais dias no escritório da empresa. Para ele, o Home Office gera bons resultados tanto para os funcionários quanto para o empregador. “Economicamente, pode gerar uma redução de custos interessante para a empresa. Para os funcionários, é excelente. É possível ter uma rotina mais saudável e menos estressante, além de aumentar o desempenho para determinadas pessoas”.

Profissões do futuro

Já pensou em trabalhar em casa fazendo vídeos? E jogando vídeo games? Essa realidade já não é mais um sonho impossível. Como uma nova forma de entretenimento, Youtubers e Streamers são profissões que surgiram recentemente e são pouco conhecidas, mas vêm se desenvolvendo de forma rápida e tornando-se muito populares entre as novas gerações.

Youtubers

Youtubers são pessoas que trabalham com criação de conteúdo e postagem de vídeos na plataforma chamada Youtube. Eles possuem um canal na plataforma, geralmente temático, e postam vídeos algumas vezes por semana sobre assuntos que interessam ao público. Além da tradicional forma de contar as visualizações, as pessoas se inscrevem nos canais para serem avisadas sempre que novos vídeos forem produzidos e assim, a popularidade dos youtubers é medida. Os temas são variados e tem o objetivo de informar e entreter as pessoas.

Além de uma nova forma de emprego, novas formas de salário também são criadas. O salário de um youtuber, por exemplo, é ganho de acordo com o número de visualizações e com publicidade. A cada mil visualizações em um vídeo, o youtuber ganha uma pequena quantia em dinheiro. Assim, quanto mais popular a pessoa, mais visualizações, mais ofertas de fazer publicidade em seus vídeos e mais dinheiro ela arrecada. A youtuber Júlia Zelg de 22 anos possui um canal com 13 mil inscritos e uma média de 60 mil visualizações por mês. Ela nos conta um pouco sobre seu trabalho.

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Júlia utiliza as redes sociais para divulgar seus vídeos e responder os fãs (Imagem: Júlia Zelg/Acervo Pessoal)

“Meu canal é sobre moda alternativa então eu posto tutoriais de maquiagem diferentes, faço vídeos sobre cabelos coloridos e também sobre os looks do dia, entre outros. Eu não tenho uma rotina porque não tenho um chefe. Não precisa ter aquele horário certo, mas eu posto os vídeos normalmente toda quarta, sexta e domingo de noite. Assim,  eu sempre tenho que pensar que eu preciso ter um vídeo pronto pra aqueles dias. Então eu filmo, edito, agendo, e deixo programado o vídeo para ser postado no youtube. Todos os dias eu posto fotos em todas as redes sociais, e respondo aos comentários no youtube.”

Júlia comenta que como seu canal ainda é pequeno, ela não consegue sobreviver financeiramente com este emprego. Por isso ela também trabalha em meio período e na outra metade faz seus vídeos. Sobre o futuro da profissão, ela comenta: “Eu acho que a profissão está ficando cada vez maior e acho que, se você fala com uma geração mais nova, com 13, 14 anos elas falam de youtubers como a gente falava de cantores. O nível de fama é a mesma coisa. Acho que no futuro o universo de youtubers vai ficar maior e vão ganhar mais dinheiro”.

Streamers

Os streamers fazem transmissões de som e imagem ao vivo por meio da internet sobre diversos assuntos, mas o mais comum são streams de vídeo games por meio da plataforma Twitch Tv. O streamer joga e interage com os visualizadores por meio de um chat, conversando com todos, aceitando suas dicas e dando sugestões. Geralmente eles realizam streams de games populares ou recém lançados, para que as pessoas possam acompanhar mesmo se não puderem jogar. O salário dos streamers também é diferente do tradicional. Assim como os youtubers, não existe um salário fixo, e depende do número de visualizações nos vídeos. Também há a opção de fazer publicidade para outras empresas e uma outra alternativa é o sistema de assinatura do canal, onde o assinante paga uma pequena quantia por mês e recebe algumas vantagens como sorteios exclusivos, entre outros. O streamer Fabrício de Matos, 33 anos, possui um canal chamado NWGamesBrasil há dois anos. O canal possui cerca de 10 mil inscritos e as visualizações tem uma média de 500 a 2000 por vídeo. Ele conta um pouco sobre seu trabalho:

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Fabrício usa dois monitores para jogar e acompanhar a conversa com fãs (Imagem: Fabrício de Matos)

“Um streamer traz entretenimento, opinião e informação acerca dos jogos e da comunidade gamer. Minha rotina é bem complicada, são 14 horas por dia entre preparar o canal, pesquisar sobre jogos, assistir vídeos e fazer a stream. Confesso que tenho tentado estipular um horário mais “normal”, porque as streams ocorrem a noite toda.” Fabrício afirma que “Na nossa situação econômica atual, é difícil sobreviver apenas fazendo streams, muitos dos visualizadores brasileiros ainda não tem a consciência de ajudar e valorizar o streamer como acontece no exterior, e até mesmo pela questão financeira de alguns. No geral, todos têm que trabalhar por fora, no meu caso tenho outras formas de renda”.

Reportagem: Monique Ferrarini

Produção multimídia: Laiza Castanhari

Edição: Bruna Malvar

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