Os jogos eletrônicos surgiram em meados dos anos 50, mas se tornaram populares apenas nos anos 70 em computadores pessoais e fliperamas. A partir dessa data eles também passaram a ser comercializados em uma escala considerável através de consoles. Ainda hoje a preferência dos jogadores brasileiros, é pela categoria de console de videogames, seguidas pelos computadores e os móbile, mas a grande tendência é que o mercado seja invadido pela mídia móvel num pequeno espaço de tempo.
Mercado
A produção e o mercado brasileiro de games estão em grande elevação e figuram entre as que mais crescem no mundo. O Brasil movimenta hoje uma média de 1,5 bilhões de dólares por ano, 24% a mais que o ano de 2014. Nos últimos nove anos, o aumento de desenvolvedores cresceu freneticamente no Brasil, onde em 2008 contávamos com apenas 43 empresas de games. Hoje somamos mais de 300 empresas do mesmo seguimento no país, um crescimento de quase 600%. O mercado de games vem em uma crescente e junto com ela tem alavancado o setor de informática, ambos andam na contra mão da economia brasileira, visto que o volume de serviços do país caiu 4,6 % nos últimos dois anos.
Uma das justificativas para essa expansão desenfreada é a implantação da transmídia no processo de criação dos games, assim como já é feito no cinema. São criados vários produtos inspirados em determinado game/marca, fazendo com que o mercado se movimente em torno destes produtos e não só do jogo. A ideia é que quem joga é porque gosta e é fã, então sempre vai querer levar algo mais para casa. Outro motivo pelo qual a indústria criativa de games ganhou espaço no mercado foi a aceitação de uma portaria em 2011, incluindo a produção de videogames nos incentivos oferecidos pela “Lei de Incentivo à Cultura”, ou Lei Rouanet, que prevê um aporte de R$ 1 milhão para desenvolvedores de jogos eletrônicos no Brasil.
Apesar do grande desenvolvimento do mercado de games brasileiro, Marcelo Freitas, diretor-executivo da Playbor, a primeira pré-aceleradora de games da América Latina, fala que a evolução do mercado de games brasileiro é satisfatória e crescente, mas que ainda está muito aquém em relação a outros mercados. Segundo ele, tratando-se de produção de games dentro do mercado mundial, a América Latina corresponde a apenas 4% dessa fatia. De acordo com Marcelo, os cases brasileiros são muito bons mas nada extraordinário a ponto de se tornar um sucesso mundial: “Considero que a indústria brasileira de games tem um potencial criativo de nível internacional, o que ainda não temos é o potencial comercial. Acredito que temos tudo para atingir esse nível em breve.” Marcelo acrescenta ainda que somos o 4º maior mercado consumidor e o 12º em termos de faturamento.
Já Saulo Camarotti, CEO e Fundador da Behold Studios, é mais otimista com relação ao mercado. Para ele, esse é um mercado vasto e que está em constante crescimento; além disso, temos jogos de muito boa qualidade com destaques pelo mundo, inclusive contemplados por prêmios internacionais. Com relação ao potencial mercado consumidor e a industria produtiva de games, é nítido que ainda podemos crescer muito. O CEO afirma: “Somos uma indústria ainda desconhecida internacionalmente no geral, especialmente porque o destaque é sempre EUA e Europa. Mas aos poucos estamos conquistando nosso lugar ao sol”. Camarotti acrescenta ainda que nosso mercado hoje é complexo de produtores, jogadores, lojas, streamers, distribuidores, investidores e universidades que há 5 anos não tínhamos: “É impressionante o tanto de oportunidade e negócios sendo feitos pelo Brasil.”.
Perfil dos jogadores
Apesar dos jogos eletrônicos e online serem produzidos e voltados para o publico masculino, segundo a Pesquisa Game Brasil 2017, as mulheres já ocupam 53,6% desse mercado e os maiores consumidores, ao contrário do que se pensa, são adultos, que se concentram numa faixa etária que varia 25 a 34 anos.
Numa média geral a categoria preferida para se jogar são os jogos de estratégia, que chegam a 50,9%. Entre os homens, os jogos de ação ganham com 53,5% e entre as mulheres, com 48,9%, os jogos de estratégias são os preferidos. Dentre as plataformas, o mobile fica em primeiro lugar na preferência dos jogadores com 77,9%, seguido pelo PC com 66,4%; os consoles ficam em terceiro lugar com 49%, as smart TVs 14,3% e por ultimo ficou os portáteis com 13,8%.
Os sistemas operacionais também entram na disputa pela preferência do usuário. O android ganha com 83,4 %, seguido do IOS com 12,3% e, com apenas 4,2%, o Windows. Entre os aplicativos mais baixados nos celulares, os jogos ficam em primeiro lugar com 76,1%, uma diferença de 20% do segundo colocado que são os entretenimentos. Apenas 10,3% baixam jogos pagos contra 71,3% que só baixam jogos gratuitos.
Os games brasileiros são vistos e nomeados como de um perfil multiplataformas, com um grande aumento de representatividade feminino nos últimos anos. 85% dos pais entrevistados afirmaram que seus filhos jogam algum tipo de jogo eletrônico. Os jogos hoje em dia não é mais exclusividade dos “hardcore gamers”, mas eles já estão no dia a dia de todas as pessoas, para fins de entretenimento. Saulo Camarotti afirma que “a percepção de pesquisas realizadas é que o brasileiro busca mais as experiências gratuitas e investe menores quantias do que se comparada aos norte americanos e europeus, tendência natural de um país em desenvolvimento.”
Eventos brasileiros
Com o grande aumento do mercado, foram criados eventos para debater, dar visibilidade e premiar os jogos independentes. O primeiro evento é o BIG Festival, 3º maior festival de jogos independentes do mundo e o maior da América Latina, que este ano ocorrerá entre os dias 24/06/17 a 02/07/17, em São Paulo. O segundo á a BGS – Brasil Game Show, maior feira de games da América Latina, que já está na 10ª edição e acontecerá nos dias 11/10/2017 a 15/10/2017, na Expo Center Norte, também em São Paulo.
Repórter: Karina Rofato
Produtora Multimídia: Julia Gonçalves
Editor: Helena Botelho